ALQUIMIA do PINTOR

Abril de 2008


Atelier

Campo de Ourique
Lisboa
Portugal

Blog Elisabete Teixeira Lopes "pintoraelisabete"

Desenho, Cor, e Sebastian Bach...
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"A pintura, que é uma das artes mais flexíveis, mais individuais e cujos meios de expressão se tornaram mais diversos, dificilmente permite enunciar regras práticas, simples, universalmente aceites.
Todas se referem mais ou menos a um passado cujos segredos estão dispersos em tradições mal conservadas.
E contudo toda a técnica pictórica é aparentemente simples - pelo menos nos seus processos.
Estes resumem-se afinal a quatro elementos: um suporte, uma preparação, pigmentos e um líquido para diluir, fixar e algumas vezes proteger estes últimos.
Mas, que aventura a vida destes materiais desde as origens até à nossa época!"

Jean Rudel, in, "Técnica de Pintura"

Michelangelo Buonarroti (1475-1564)

Michelangelo Buonarroti (1475-1564)

Capela Sistina, "Juízo Final", monumental afresco realizado na parede do altar, entre os anos 1535 e 1541, Vaticano.

Pintura com pigmentos à base de água, feita sobre argamassa ainda fresca de cal queimada e areia (afresco ou fresco).




Pigmentos

Os pigmentos são produtos que se extraiem da natureza, ou que a indústria produz artificialmente, e que são utilizados como materiais coloridos, nas mais diversas técnicas.

São matérias corantes que têm a propriedade de reflectir as diversas cores, análogas às do círculo cromático.

A mistura de pigmentos é uma síntese subtrativa: quando o pintor mistura amarelo e azul para obter verde, mistura todo o espectro visível, menos as cores absorvidas pelos pigmentos.




Classificação dos Pigmentos

Classificação quanto à natureza química e proveniência dos pigmentos:

pigmentos minerais naturais,
pigmentos minerias artificiais,

pigmentos orgânicos naturais,
pigmentos orgânicos artificiais.

Esta classificação tem a vantagem de agrupar os pigmentos de acordo com as suas afinidades químicas e processos de fabricação.




Classificação segundo a natureza e propriedades dos pigmentos:

opacos,
transparentes,
inalteráveis á acção da luz e dos agentes atmosféricos,
inalteráveis á acção dos ácidos.

Agrupando os pigmentos desta forma, temos a vantagem de conhecer logo as principais características.




Classificação dos pigmentos segundo a superfície sobre a qual vão ser aplicados:

pigmentos para a pintura a óleo,
pigmentos para a pintura a aguarela,
pigmentos para a pintura com silicatos,
pigmentos para a pintura sobre cal,
pigmentos para a pintura sobre o cimento e o papel.




Classificação sob o ponto de vista comercial:

cores de fundo,
cores normais,
cores compostas,
cores mescladas.




Origens principais da atribuição de nomes aos pigmentos.

Por vezes utiliza-se como nome, o do elemento químico, geralmente um metal que entra na sua composição.
É o caso das cores de chumbo e das cores de crómio.

Outras vezes é o aspecto externo do pigmento, em paralelismo com objectos naturais, que lhe dá o nome.
É o caso do Verde Oliva, do Azul Ultramar, do Azul Montanha.

Outras vezes ainda é o nome da cidade onde inicialmente foram fabricados, que lhe dá a designação.
É o caso da Terra de Siena e do Verde Boémia.

Utiliza-se também a designação do pintor que divulgou o uso desse mesmo pigmento.
É o caso do Pardo de Van Dyck.

Apenas às matérias corantes derivadas do alcatrão da Ulha se emprega, embora incompletamente, o critério de citação da composição quimica.

Retrato equestre de Charles I, rei de Inglaterra, realizado por Van Dyck, entre 1635-40

Retrato equestre de Charles I, rei de Inglaterra, realizado por Van Dyck, entre 1635-40
Óleo sobre tela, 123x85 cm, Museu do Prado, Madrid

Pigmentos Amarelos

Amarelo de Cádmio (sulfureto de cádmio)
Amarelo de Nápoles (antimoniato de chumbo)
Amarelo de Crómio (cromato de chumbo)
Amarelo Japonês /Limão (pigmento azóico)
Amarelo de Flandres (pigmento azóico)
Amarelo Indiano (pigmento azóico)
Amarelo do Saará (pigmento azóico)
Amarelo do Senegal (pigmento azóico)
Amarelo de Marte (óxido de ferro)
Amarelo de Nickel (titanato de níquel)
Amarelo de Zinco (cromato de zinco)
Amarelo de Bário (cromato de bário)
Amarelo de Strontium (cromato de strontium)
Amarelo Soufre (azóico e níquel)



Vincent Van Gogh (1853-1890), Pós-Impressionismo

Vincent Van Gogh (1853-1890), Pós-Impressionismo

Pigmentos Azuis

Azul de Bremen (hidróxido de cobre)
Azul Cobalto (óxido/aluminato de cobalto)
Azul da Prússia/Paris/Berlim (ferrocianeto férrico)
Azul Ultramar (sulfosilicato de sódio e alumínio)
Azul de Manganês (manganáto de bário)
Azul Cerúleo (stanato de cobalto)
Azul Hoggar (ftalocyanine de cobre)
Azul Hortência (pigmento cyanine)
Azul Safira
(pigmento cyanine)




Joahannes Vermeer (1632-1675), Barrôco

Joahannes Vermeer (1632-1675), Barrôco
Óleo sobre tela, 46,5 x 40 cm, Mauritshuis, The Hague

Pigmentos Vermelhos

Vermelho Inglês (óxido de ferro)
Vermelho Veneza (óxido de ferro)
Vermelho de Marte (óxido de ferro)
Vermelho Acajou (óxido de ferro)

Carmin de Alizarina (alizarina sobre alumínio)
Laca Carminada Fixa (alizarina sobre alumínio)
Laca de Garance Escura (alizarina sobre alumínio)
Laca de Garance Rosa (alizarina sobre alumínio)
Vermelho Gerânio Estável (alizarina s/ alumínio)

Vermelho Cádmio Laranja (selénio sulfureto d/cád.)
Vermelho Cádmio Claro (selénio sulfureto d/ cád.)
Vermelho Cádmio Escuro (selénio sulfureto d/cád.)
Vermelho Cádmio Purpura(selénio sulfureto d/cád.)

Vermelho Japonês Claro (pigmento azóico)
Vermelho Japonês Escuro (pigmento azóico)
Vermelho China Vermelhão (pigmento azóico)
Vermelho Breughel (pigmento azóico)
Vermelho de França Vernil (pigmento azóico)

Vermelho Vecello (pigmento diazóico estável)
Vermelho Angelico (pigmento diazóico estável)

Vermelho Grenat (pigmento quinacridona)
Vermelho Rubi (pigmento quinacridona)

Vermelho Vermelhão (pigmento perolado)
Vermelho Vivo (pigmento perolado)

Vermelhão Escarlate (sulfureto de mercúrio)
Vermelhão Francês (sulfureto de mercúrio)
Vermelhão Permanente (sulfureto de mercúrio)

Vermelho de Paris
(óxido salino de chumbo, excepcionalmente purificado)



Vincent Van Gogh (1853-1890)

Vincent Van Gogh (1853-1890)

Pigmentos Brancos

Alvaiado de Chumbo (carbonato de chumbo)
Branco de Titâneo (óxido de titâneo)
Branco de Zinco (óxido de zinco)
Litopon
(sulfureto de zinco+sulfato de bário)




Pigmentos Negros

Negro Froid (carvão+sulfosilicato/sódio e alumínio)
Negro de Marfim (ossos calcinados)
Negro de Marte (óxido de ferro)
Negro de Vinha
(madeira calcinada)




Acrílica

"Posteriormente á segunda guerra mundial, a maior difusão foi obtida pela fabricação de pinturas - emulsões á base de resinas de síntese, de tipo vinílico e acrílico, reservadas quer para a superfície mural, quer nas dos quadros amovíveis.
Este novo tipo de pintura tomou um lugar importante ao mesmo tempo por causa do desenvolvimento da arte abstrata e das exigências particulares dos materiais da arquitectura.
As resinas artificiais em matérias plásticas, são caracterizadas pelas suas grandes moléculas (altos polímeros).
O pigmento moído com água, é posto em emulsão com o látex resinoso: a água que envolve as moléculas de resina, permite um trabalho resinoso "com água" duma grande fluidez.
Estas emulsões apresentam um certo número de características que as fizeram adoptar largamente hoje em dia.
As suas grandes moléculas permitem na realidade conferir á camada pictórica uma estrutura muito coerente, graças ao enlace das suas longas cadeias, constituindo desde a evaporação da água, uma capa muito fina, muito adesiva e particularmente resistente, enquanto os pigmentos em suspensão na resina, oferecem uma pureza cromática maior que com um diluente a óleo.
À sua grande limpidez junta-se ainda uma ausência quase total de amarelecimento por causa duma inércia particular ás radiações luminosas e ás reacções químicas.
A sua rapidez de secagem permite finalmente trabalhar por sobreposição com toda a segurança, sem correr risco de fenómeno de difusão entre as camadas.
Em suma, todas as vantagens procuradas pelos pintores do século XV, quando da invenção da pintura de tipo flamengo!"

Jean Rudel,
As inovações contemporâneas,
in, Técnica de Pintura".



Acrílica

Os pigmentos utilizados nas tintas acrílicas são os mesmos, utilizados na pintura a óleo, com excepção para os menos resistentes, que não são utilizados nas emulsões plásticas.
As características de estrutura coerente, capa muito fina, muito adesiva, muito resistente, grande limpidez, ausência de amarelecimento e rapidez de secagem, conferem a estes materiais, potencialidades que estão na base do enorme sucesso obtido.
A própria manipulação da matéria é radicalmente diferente, não se justificando portanto a sua utilização, com o "espírito" da pintura a óleo.
As tintas acrílicas, colocadas no mercado nos Estados Unidos da América em 1962 - chegando a Portugal nesse mesmo ano - podem ser empregues práticamente em todas as superfícies: cartão, tábua prensada, pano, plástico, tela, tecido de terylene, gesso, etc.
Podem aplicar-se camadas de tinta sucessivas, seja sobre camada fresca, seja sobre camada seca, não gretando, mesmo quando as camadas de tinta são muito espessas.
Os glacis obtêm-se fácilmente juntando água.
Apresentando a vantagem de secar rápidamente, pode no entanto ser retardada a sua secagem, bastando para tal, pulverizar água por cima da pintura.
A resina aglutinada, que está em forma de emulsão, seca quando a água se evapora.
Uma vez seca, a pintura é completamente impermeável.



Lisboa, 23 de Fevereiro de 2004

Caro jovem G. Pinheiro

Se reside em Lisboa ou arredores, o sítio ideal para comprar tintas, sejam elas acrílicas, óleos ou outras, é na Casa Varela, situada na Rua da Rosa, ao Bairro Alto, do lado do Jardim do Príncipe Real.
Nessa mesma rua, também tem a Casa Ferreira, mas eu sempre preferi a Varela.

Não se pode dizer que as tintas acrílicas ou os óleos, sejam totalmente inócuos para a saúde, no entanto não constituem qualquer perigo relevante, a não ser que durma no mesmo espaço onde irá pintar, e que essa situação se repita diáriamente e por longos anos.
Há pessoas que começam a pintar na marquise e mesmo na cozinha...Não há problema.
Penso que não se deve procupar com essa questão.

Já a poluição das águas (resultante da lavagem dos pincéis), e o facto de os tubos de tinta não serem recicláveis, nos preocupam, mas não há para já outra solução.
Por enquanto, quaisquer tintas são "inimigas" do ambiente.

As melhores tintas acrílicas são as da marca TALENS.
Esta fábrica holandesa, fabrica três marcas de tinta: Rembrandt, Van Gogh e Amesterdam.
A diferença está no preço e no facto de haver cores numas marcas que não há nas outras, e vice-versa.
A Rembrandt é a mais cara e a Amesterdam a mais barata.
Pode por exemplo usar tintas Rembrandt, e o branco ser Amesterdam.
Tem a mesma qualidade e é mais barato...
Mas estas tintas são caras, porque o material de artes plásticas, infelizmente é considerado em Portugal, "material de luxo"...
Se viajar pela Europa, traga tintas de lá...tintas, pincéis, telas (pequenas), pastéis óleo, etc.

A tinta acrílica tem a vantagem de se diluir com água, mas seca rápidamente, pelo que nem todas as pessoas gostam de pintar a acrílico, sobretudo quando se começa...
Por isso há pessoas que preferem começar com a tinta de óleo.
Leva muito mais tempo a secar, muito mais...
Por isso permite uma pintura lenta, repisada, "corrigida"...
A tinta de óleo tem que ser diluída com óleo de linho, essência de terebentina, ou essência de petróleo.
A tinta de óleo tem muito cheiro, e os seus diluentes também.
Pintar em casa com tinta de óleo, é um bocado complicado.
O ideal é ter um espaço "à parte", que possa ser arejado.

Espero ter ajudado.
Desejo-lhe um bom trabalho.
Cordialmente.
Elisabete Teixeira Lopes
elisabete.t.lopes@sapo.pt


Pierre Auguste Renoir (1841-1919), Impressionismo

Pierre Auguste Renoir (1841-1919), Impressionismo


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